
Veremos os tópicos relacionados aos fatores que mais influenciaram na distribuição geográfica da atividade industrial no Brasil, bem como os motivos que conduziram a um aumento da dívida externa brasileira.
A opção de localização considera vários
elementos. Destaca-se:
- Infraestrutura – transporte, energia,
telecomunicações;
- Capital – terrenos, incentivos fiscais,
disponibilidade de crédito;
- Mercado consumidor;
- Oferta de matéria-prima.
A grande região industrial do país é a região
Sudeste, onde se destacam São Paulo, Rio de
Janeiro e Minas Gerais. O centro econômico do
Brasil, bastante urbanizado e industrializado, é
constituído, principalmente, por São Paulo e Rio
de Janeiro.
REGIÃO SUDESTE
É a responsável por mais da metade de toda a
atividade industrial e, sozinha, consegue cerca de
3/4 do valor da produção industrial.
Essa concentração no SE é devida a vários
fatores, como:
a) sistemas de transporte e comunicação mais
desenvolvidos;
b) maior produção energética;
c) maior e mais diversificado mercado
consumidor;
d) maior concentração de capitais;
e) maior concentração de mão-de-obra;
f) melhor nível de vida e poder aquisitivo.
Destaques do Sudeste
O Estado de São Paulo é o maior destaque.
Concentrando cerca de 40% dos estabelecimentos
industriais do país; 48% do pessoal ocupado em
indústrias; 53% do valor da produção industrial.
A grande São Paulo, sobretudo os municípios
do ABC, Diadema, Osasco, Guarulhos e outros, possui a maior concentração industrial do país e
da América Latina.
Ainda no Estado de São Paulo, outros centros
industriais importantes, situam-se normalmente ao
longo dos principais eixos rodoviários ou
rodoferroviários. São eles:
a) Anhanguera - Campinas, Americana,
Limeira, Piracicaba, Ribeirão Preto.
b) Dutra - Jacareí, São José dos Campos,
Taubaté.
c) Washington Luís - Rio Claro, São Carlos,
Araraquara, São José do Rio Preto.
d) Raposo Tavares - Sorocaba, Itapetininga,
Presidente Prudente.
e) Anchieta - Cubatão, Santos, São Bernardo.
As indústrias do Estado de São Paulo
caracterizam se pela diversificação: metalurgia,
química, alimentícia, têxtil, transporte,
construção, farmacêutica, etc.
Vem aumentando a cada ano o valor da
produção industrial e a área de influência
industrial da Grande Belo Horizonte. O Centro
Industrial de Contagem, próximo a Belo
Horizonte, é diversificado e foi criado em 1970,
em Betim uma nova área de produção de carros.
Sua posição é apoiada na abundância de recursos
minerais, sobretudo no minério de ferro,
justificando o primeiro lugar na produção de aço
do país.
Com a desconcentração industrial, novos
centros ganham importância como é o caso de
Juiz de Fora e Uberlândia, ambas fora da região
metropolitana de Belo Horizonte.
A maior concentração industrial coincide com
o Grande Rio conformando uma região
polindustrial. Destaques na indústria naval e do
turismo.
O crescimento da indústria fluminense é mais
dinâmico do Vale do Paraíba que se expande em
função da influência ampliada exercida pelo RJ e
SP.
REGIÃO SUL
Apesar da antiguidade da ocupação industrial
(o início está ligado à colonização europeia), a Região Sul tem apenas 20% de participação no
processo industrial. É a segunda região mais
industrializada.
As indústrias mais importantes são as de bens
de consumo: as alimentícias destacam-se no RS,
como frigoríficos, couros, vinícola, as têxteis em
SC e madeira no PR.
No RS, os centros mais industrializados são:
Grande Porto Alegre, Caxias do Sul, Pelotas, Rio
Grande, etc. Em SC, por sua vez, destacam-se:
Joinville, Blumenau (têxtil); Criciúma e Tubarão
(carvão). Já no PR tem-se Curitiba, polo
industrial, além de centros no norte do Estado.
Foi amplamente beneficiada com a
desconcentração industrial devido apresentar as
melhores vantagens locacionais. Com o Mercosul
a região recebeu novos investimentos devido
apresentar melhor localização geográfica em
relação ao bloco e por ter melhor infraestrutura
energética, de estradas, portos e mão de obra
qualificada.
REGIÃO NORDESTE
É a terceira mais industrializada; as maiores
aglomerações industriais se concentram no Recife
e Salvador. A industrialização do NE está ligada à
construção da usina hidrelétrica de Paulo Afonso,
à criação dos distritos industriais, como Cabo,
Paulista, Jaboatão, etc., em PE, e Centro Industrial
de Aratu e do Polo Petroquímico de Camaçari na
Bahia. Destaca-se, também, a concentração
industrial em Fortaleza.
Nos anos 90 a região passou a ser alvo de
novos investimentos já em uma nova fase de
integração. Até os anos 80 a industrialização
estava subordinada a região SE, nos anos 90 a
indústria que se instala no NE está subordinada à
lógica internacional, à globalização.
Principais Indústrias e sua localização.
A indústria de transformação é a que mais se
destaca, conforme os dados a seguir:
A indústria alimentícia tem a maior
participação em pessoal ocupado em número de
estabelecimentos. A indústria metalúrgica é a
segunda em número de pessoal ocupado e valor
de produção industrial.
Abrangem diversos ramos, tais como:
laticínios, conservas, frigoríficos, bebidas, massas,
moinhos, óleo, etc. Está entre as mais antigas do
País. Apesar de estar disseminada por quase todo
o País, é em SP que se verifica a sua maior
concentração. Destaques: Carnes (frigoríficos):
Araçatuba e Barretos (SP), Rio Grande e Pelotas
(RS), Campo Grande (MS). Bebidas: Caxias do
Sul, Bento Gonçalves (RS), Jundiaí, São Roque
Ribeirão Preto (SP). Laticínios: Sul de MG, Vale
do Paraíba (SP e RJ), grandes centros. Açúcar:
Paraíba (SP), Campos (RJ), Maceió (AL).
A produção automobilística brasileira sofreu
um grande crescimento desde 1958, colocando-se,
atualmente, entre as dez maiores empresas do
mundo, sendo superada apenas por Japão, EUA,
Alemanha, Inglaterra, França, Itália, Canadá e
Rússia. As principais empresas automobilísticas
são:
a) Volkswagen do Brasil - SP;
b) General Motors do Brasil - SP;
c) Ford Motores do Brasil - SP;
d) Mercedes-Benz do Brasil - SP;
e) Fábrica Nacional de Motores - RJ;
f) Fiat do Brasil - MG; e
g) Volvo do Brasil - PR.
A indústria automobilística foi implantada na
segunda metade da década de 1950, durante o
governo de Juscelino Kubitschek. Os principais
fatores associados à implementação da indústria
automobilística foram:
a) desenvolvimento da metalurgia e siderurgia;
b) as já existentes indústrias de montagem de
veículos no Brasil;
c) existência de indústrias de autopeças;
d) mercado consumidor no SE;
e) desenvolvimento do setor rodoviário; e
f) criação do GEIA (Grupo Executivo da
Indústria Automobilística).
A primeira indústria – Vemag – foi instalada
em 1956, e em 1958, a Volkswagen.
Com isso desenvolvem-se indústrias ligadas
ao setor automobilístico, como: vidros, artefatos
de borracha, couro, material elétrico, metalurgia
leve, etc.
A maior concentração ocorre em São Paulo
graças a maior disponibilidade de mão-de-obra,
indústrias de autopeças, proximidades da Cosipa e
do Porto de Santos, existência de energia elétrica,
etc.
Atualmente, o Brasil está entre os maiores
produtores mundiais, com uma produção anual de
cerca de 1 milhão de veículos.
É comum verificar a produção de novas
marcas no Brasil. Isso se deve a abertura
econômica ocorrida na década de 90 e o incentivo
do governo para atrair novos empreendimentos.
Foi somente a partir de 1917 que se instalou
no País, por iniciativa da Cia Siderúrgica Belgo-Mineira, localizada inicialmente em Sabará (MG)
e depois em João Monlevade (MG). Aproveitando
a abundância de minério de ferro existente em
Minas Gerais, outras siderúrgicas foram se
instalando na região, e, durante muito tempo,
Minas Gerais foi o único centro siderúrgico do
País. As causas que retardaram a implantação da
siderurgia foram a escassez de carvão mineral, a
falta de mão-de-obra e de capitais, além da
ausência de indústrias capazes de consumir a
produção.
A partir de 1942, a siderurgia tomou grande
impulso com a instalação da Cia. Siderúrgica
Nacional (estatal) em Volta Redonda, no Vale do
Paraíba fluminense. Sua localização obedecia à
situação intermediária entre as jazidas de carvão
(SC) e as áreas produtoras de minério de ferro
(MG); ao ponto de encontro entre a Central do
Brasil e a Rede Mineira de Viação; à proximidade
dos maiores centros industriais e consumidores do
País; à abundância de energia elétrica; e, por fim,
à maior disponibilidade de mão-de-obra.
A elevada taxa de crescimento alcançada por
este setor deve-se a vários fatores, tais como:
a) desenvolvimento das atividades industriais
de base. as quais passaram a consumir a produção
siderúrgica;
b) rápido desenvolvimento do setor de
construção civil;
c) grande apoio governamental;
d) aumento do consumo de produtos
industrializados;
O principal problema que afeta a indústria
siderúrgica é o fornecimento de matérias-primas
(carvão mineral), sendo por isso, muito grande o
consumo de carvão vegetal.
O carvão produzido no Brasil não é bom para
fazer o coque siderúrgico e por isso devemos
importar carvão mineral.
Observações:
- 94% da produção siderúrgica concentra-se no
SE
- As maiores produções siderúrgicas são
obtidas pela Usiminas, CSN e Cosipa.
É importante frisar que o polo siderúrgico do
Maranhão, integrado a produção de Serra de
Carajás, está em franco crescimento.
Distribuição espacial das usinas
siderúrgicas
As siderúrgicas distribuem-se pelo espaço
independentemente da localização do carvão
mineral, pois as maiores produções desse produto
vêm do sul, e é no SE que se encontra a maior
produção de aço.
Portanto, outros foram os fatores responsáveis
por esta localização. E, sobretudo, a presença de
minério, como o ferro e o manganês e o mercado
consumidor, que regem tal distribuição.
A produção atual de aço bruto situa-se perto
de 2,8 milhões de toneladas, colocando o Brasil
entre os 10 maiores produtores do mundo Enquanto o consumo per capita de aço dos países
desenvolvidos, como EUA, Japão, Rússia,
Alemanha, gira em torno de 400 a 500
kg/hab/ano, o consumo brasileiro é de cerca de
100 kg/hab/ano.
Apesar do franco desenvolvimento industrial
experimentado pelo País nas últimas décadas,
vários são os problemas que o afetam,
destacando-se os seguintes:
- Quanto à energia: empregamos ainda elevada
quantidade de lenha como fonte energética, falta
garantias de investimentos para expansão da
oferta energética.
- Quanto ao capital: escasso, não permitindo
grandes investimentos por parte dos particulares,
o que beneficia a participação de capitais estatais
e estrangeiros.
- Quanto ao equipamento: a produção da
indústria de máquinas e equipamentos ainda é
insuficiente, sendo necessária a importação em
larga escala.
- Quanto aos transportes: o sistema ferroviário
e o hidroviário são deficientes. O sistema
rodoviário está sobrecarregado.
- Quanto ao mercado consumidor: ainda
restrito, apesar de estar em crescimento. A alta
concentração de renda impede, de certa forma, a
expansão do consumo.
Desenvolvimento brasileiro e o
endividamento externo
Das correntes teóricas voltadas ao estudo do
desenvolvimento da América Latina a dominante
segue a orientação da CEPAL (1948) - órgão da
ONU. Esse organismo buscou orientar os países
latino-americanos a adotar políticas de
desenvolvimento com base na substituição de
importações. Esta orientação teve êxito no período
JK e posteriormente durante o governo militar
(1964 - 1985) - em especial na década de 1970
(milagre brasileiro).
As doutrinas cepalinas orientaram o
desenvolvimento por intensificação das
poupanças internas mais investimentos
estrangeiros (multinacionais), para aumentar a
substituição de importações, com balanças
comerciais, em geral, deficitárias devido à
importação de máquinas e equipamentos.
A aplicação do modelo econômico seguindo as
orientações da CEPAL se deu no período JK (56-
61) que é marcado pelo programa de metas.
Investimento nacional combinados com o capital
internacional permitiu a criação de hidrelétricas, indústria automobilística, autoestradas e a
construção de Brasília.
Após 1950, o avanço das multinacionais
desencadeou o desenvolvimento dos países
periféricos. Os países que apresentavam melhores
condições de infraestrutura tornavam-se destino
de investimentos diretos, com a instalação de
multinacionais e de investimentos indiretos, com a
oferta de empréstimos voltados para a criação e
ampliação de infraestrutura. Para exemplificar
bata-nos verificar o ocorrido no Brasil nas
décadas 60 - 70, quando surgiu no país uma
milagrosa evolução econômica. Esse modelo
constituiu, em preparar, facilitar, recepcionar,
acomodar e favorecer mais e da melhor forma a
entrada de capital internacional no Brasil.
Na década de 70 e início dos anos 80, essa
prosperidade é abalada pela crise do petróleo (73
e 79), que provoca recessão e inflação nos países
do primeiro mundo. Também nos anos 70,
desenvolvem-se novos métodos e técnicas
voltados para a produção. Nos anos 90 uma nova
fase na produção industrial se instala com a
modernização da industrial. O processo de
automação, robotização e terceirização aumentam
a produtividade e reduzem a necessidade de mão-de-obra gerando ainda a necessidade de novas
qualificações e desaparecendo antigas profissões.
Assim, a globalização assentou o golpe nas
teorias de desenvolvimento autônomo sob
orientação cepalina.
Endividamento brasileiro
No período 71/72 a inflação atinge os países
desenvolvidos, inclusive os EUA. O padrão dólar
estabelecido em Bretton Woods foi quebrado e as
principais moedas passaram a oscilar gerando
uma disponibilidade de dólares que passaram a ser
aplicados nos países do terceiro mundo. Este
dinheiro foi usado pelos países em
desenvolvimento para cobrir déficits das suas contas externas. A partir de 1973, verificamos
uma escalada no preço do petróleo que levou os
países em crescimento acelerado, como o Brasil, a
um endividamento crescente.
Verificando o histórico da dívida brasileira
observamos que dos 2,5 bilhões devidos em 1964
saltamos para 96,5 bilhões em 1990, ou seja, uma
alta de 3860%. E dois anos depois, em 1992, a
dívida já havia atingido 132,3 bilhões. A dívida
passou a crescer muito rápido, muito mais rápido
que a nossa capacidade de crescimento ou de
pagamento.
Evolução da dívida externa brasileira (em
bilhões de dólares).
O comprometimento de um percentual cada
vez maior do PNB (produto nacional bruto), de
10,5% em 1968 para 27% em 1980, deixa o Brasil
impedido de fazer novos investimentos. Este
comprometimento interfere no crescimento
econômico devido à necessidade do país em
cumprir o serviço da dívida.
O processo de endividamento tornou-se ainda
mais grave quando, no final dos anos 1970, as
taxas de juros internacionais (a libor - taxa
interbancária de Londres - e a prime rate - taxa
básica cobrada pelos bancos dos EUA) oscilaram
para cima, chegando a 15,18% a primeira e 15% a
segunda. A taxa do FED, banco central
americano, chegou a 13%.
Toda esta oscilação fez com que o capital
retornasse aos EUA e Europa e fizesse disparar a
dívida dos países periféricos que tinham a sua
dívida corrigida com base nas taxas
internacionais. Caro estudante, peço sua atenção
ao seguinte fato, estando o Brasil inserido nesse
contexto de alta de juros, o país foi duramente
atingido devido ter mais de 60% de sua dívida
baseada em juros flutuantes, ou seja, com o
aumento das taxas prime rate e libor a dívida teve
seus juros reajustados.
Vejamos um exemplo: o Brasil fez um empréstimo de 1 bilhão de dólares para
desenvolver o programa Proálcool e
comprometeu-se a pagar, apenas nos 5 primeiros
anos, 800 milhões de dólares de juros e
comissões, ou seja, quase a quantia contratada
mas, com o aumento dos juros, esse montante
cresceu ainda mais.
Assim, na iminência de não ter a capacidade
de honrar seus compromissos em dia, a saída para
o Brasil foi suspender unilateralmente (moratória
parcial) durante o governo Sarney, o pagamento
das prestações e dos juros da dívida e exigir a
renegociação das condições e prazos de
pagamento. Contudo, o Brasil voltou atrás e
passou a adotar o receituário econômico do FMI.
O padrão da dívida que tinha vencimento a
curto prazo - 5 anos - passa a ter novo perfil, 60%
da dívida consegue prazos maiores que 10 anos.
Tudo isto se deve ao fato de tentar evitar a
insolvência dos países devedores, caso que levaria
as finanças internacionais a um caos.
Ter crédito internacional é uma garantia para
que o país continue a ser viável para receber
investimentos. Assim, para que qualquer país
assegure o serviço da dívida externa é necessário
que ele garanta a cada ano um fluxo de novos
empréstimos, financiamentos e obtenha, acima de
tudo, saldos expressivos em sua balança de
comércio exterior. EXPORTAR é o que
IMPORTA.
É da receita da exportação que dependem, em
última instância, o pagamento efetivo da dívida e
a própria garantia para a contratação de novos
empréstimos e financiamentos internacionais. Por
isso é que o governo brasileiro tem se esforçado
em incentivar as exportações e a manter um
superávit primário alto para, desta forma,
demonstrar ao mundo que o país tem condições de
honrar seus compromissos e que é viável
economicamente.
Outro modo de manter a dívida sob controle é
através de acordos. Neste caso, a garantia para o
pagamento é conseguida através de apoio
financeiro do FMI. Negociações neste sentido
foram realizadas no governo Figueiredo e outra no
governo Collor / Itamar Franco. Ainda nos
últimos anos do governo FHC e no atual foram
feitos acordos com o FMI para garantir o
cumprimento dos serviços da dívida e proteger a
economia interna. O governo Lula conseguiu
zerar a dívida do Brasil com o FMI, desse modo o
país fica livre da obrigação de adotar as diretrizes
econômicas preconizadas pelo FMI.
Assim, verificamos que todo quadro criado
devido às modificações das taxas de juros
internacionais afetou o crescimento brasileiro na década de 1980 levando esta a ser conhecida
como a DÉCADA PERDIDA e ainda reflete nos
dias atuais.
Tecnopolos
Os polos tecnológicos correspondem à
concentração espacial de empresas e instituições
de ensino e pesquisa envolvidas no estudo e na
aplicação de tecnologia avançada (como, por
exemplo, robótica, microeletrônica, cerâmica
avançada, tecnologia espacial, biotecnologia,
nanotecnologia entre outras) permitindo que as
empresas assumam um perfil moderno e
competitivo por meio da aplicação dessas
tecnologias desenvolvidas nos centros de
pesquisa.
Como possuem uma organização menos
burocratizada, os polos tecnológicos facilitam a
transferência de tecnologia para o setor produtivo
industrial e, ao mesmo tempo, estimulam o
desenvolvimento científico e tecnológico. Os
principais polos tecnológicos brasileiros
encontram-se concentrados sobretudo no Sudeste
e Sul do Brasil, podendo-se destacar:
- o ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica)
e o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais), situados no município de São José dos
Campos (SP), ambos de iniciativa governamental,
que desenvolvem projetos na área aeronáutica,
espacial, de fabricação de radares, antenas, entre
outros;
- as Universidades Federal e Estadual de São
Carlos (SP), que têm dirigido suas pesquisas
científicas à obtenção de novos materiais, como é
o caso de cerâmicas resistentes ao calor;
- os polos tecnológicos de informática,
localizados nas cidades de São Paulo, Campinas
(SP), Rio de Janeiro, Curitiba, Florianópolis e
Campina Grande (PB);
- as áreas de pesquisa de química fina e de
biotecnologia, no Rio de Janeiro, em Porto
Alegre, em Fortaleza e em Campinas, além de
centros de pesquisa em biologia molecular, física,
bioquímica, matemática e outras pelo Brasil.
Ressalta-se que o Estado
brasileiro exerceu uma grande influência no
alargamento dos mercados nacionais, que, aos
poucos, foram-se tornando cativos do poder
hegemônico de São Paulo e do Sudeste. Segundo
José Serra: "uma das características marcantes do
desenvolvimento do capitalismo no Brasil diz
respeito ao significativo papel do Estado como
fator de impulso à industrialização. Esse papel foi
exercido não apenas através de suas funções
fiscais de monitoria e de controle do mercado de trabalho ou de sua função de provedor dos
chamados bens públicos, criação de infraestrutura
e produção direta de insumos indispensáveis à
industrialização pesada".
Desconcentração industrial
A desconcentração industrial no estado de São
Paulo é bastante nítida. Ela se processou (e se
processa), principalmente, ao longo dos quatro
principais eixos rodoviários, que de certa forma
acompanharam os eixos ferroviários construídos
na época da expansão da cafeicultura: a Via
Presidente Dutra (a Rio — São Paulo)
atravessando o histórico Vale do Paraíba; o
sistema Anchieta — Imigrantes (São Paulo —
Baixada Santista); o sistema Bandeirantes—
Anhanguera—Washington Luís (ligando a cidade
de São Paulo ao norte e noroeste do estado); e a
Via Presidente Castelo Branco, ligando a cidade
de São Paulo a várias cidades do sudoeste do
estado até Presidente Epitácio, no Vale do Rio
Paraná, divisa com o Mato Grosso do Sul.

Esse processo de desconcentração acontece
em todo território nacional e foi fomentado pelo
governo federal pelo incentivo fiscal desenvolvido
pelas superintendências de desenvolvimento –
SUDENDE, SUDECO, SUDESUL e SUDAM. A
desconcentração visava aproveitar as
VANTAGENS COMPARATIVAS para produção
industrial.
No Sul – infraestrutura e mercado consumidor,
mão-de-obra qualificada, proximidade de mercado
consumidor – Argentina e Sudeste do país. A
região mais beneficiada com a desconcentração
foi a região Sul.
No Norte – incentivos fiscais que facilitavam
o acesso e concorrência no mercado nacional e
internacional.
No Nordeste – incentivos fiscais e mão-deobra farta e barata. A produção estava voltada
para o mercado do SE e, ultimamente, com os
investimentos externos também se integra na
produção para o mercado globalizado.
No Centro‐Oeste, a partir da década de 90,
observa-se a ação dos governos estaduais em
atrair investimentos industriais. As vantagens
fiscais oferecidas permitiram a instalação de
indústrias de beneficiamento, para estarem
próximas as fontes de matéria prima ou ainda
novas plantas industriais como é o caso da
indústria farmacêutica em Anápolis e a
automobilística em Catalão, ambas em GO.
O governo criou as condições de infraestrutura
necessárias ao processo de instalação industrial
através da aquisição de empréstimos
internacionais para a construção de obras de
engenharia para garantir a realização dos
investimentos.
Só alguns exemplos: Itaipu, Balbina, Tucuruí,
transamazônica, estrada de ferro Carajás, BR 364