google.com, pub-9626352403045660, DIRECT, f08c47fec0942fa0 QUESTÃO 08 - PORTUGUÊS

QUESTÃO 08 - PORTUGUÊS

 Texto I:


Que pode uma criatura senão,

entre criaturas, amar?

amar e esquecer, amar e malamar,

amar, desamar, amar?

sempre, e até de olhos vidrados, amar?


Que pode, pergunto, o ser amoroso,

sozinho, em rotação universal,

senão rodar também, e amar?

amar o que o mar traz à praia,

o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,

é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?


Amar solenemente as palmas do deserto,

o que é entrega ou adoração expectante,

e amar o inóspito, o cru,

um vaso sem flor, um chão de ferro,

e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e

uma ave de rapina.


Este o nosso destino: amor sem conta,

distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,

doação ilimitada a uma completa ingratidão,

e na concha vazia do amor a procura medrosa,

paciente, de mais e mais amor.


Amar a nossa falta mesma de amor,

e na secura nossa amar a água implícita,

e o beijo tácito, e a sede infinita.



ANDRADE, C. D. de. Antologia Poética. 48ª Ed. Rio de Janeiro: Record, 2001


Texto II:


Cantiga de amor sem eira

nem beira,

vira o mundo de cabeça

para baixo,

suspende a saia das mulheres,

tira os óculos dos homens,

o amor, seja como for,

é o amor.


Meu bem, não chores,

hoje tem filme de Carlito.


O amor bate na porta

o amor bate na aorta,

fui abrir e me constipei.


Cardíaco e melancólico,

o amor ronca na horta

entre pés de laranjeira

entre uvas meio verdes

e desejos já maduros.


Entre uvas meio verdes,

meu amor, não te atormentes.


Certos ácidos adoçam

a boca murcha dos velhos

e quando os dentes não mordem

e quando os braços não prendem

o amor faz uma cócega

o amor desenha uma curva

propõe uma geometria.


Amor é bicho instruído.


Olha: o amor pulou o muro

o amor subiu na árvore

em tempo de se estrepar.


Pronto, o amor se estrepou.

Daqui estou vendo o sangue

que escorre do corpo andrógino.


Essa ferida, meu bem,

às vezes não sara nunca

às vezes sara amanhã.


Daqui estou vendo o amor

irritado, desapontado,

mas também vejo outras coisas:

vejo corpos, vejo almas

vejo beijos que se beijam

ouço mãos que se conversam

e que viajam sem mapa.


Vejo muitas outras coisas

que não posso compreender...
 

ANDRADE, C. D. de. Antologia Poética. 48ª Ed. Rio de Janeiro: Record, 2001


Leia as afirmações abaixo sobre os textos I. e II:

 

I. O autor utiliza expressões para qualificar o sentimento amoroso e para defini-lo como algo que exerce força sobre os indivíduos.

 

II. Os textos se contrapõem na percepção de finitude do amor, uma vez que no primeiro a ideia é que o sentimento pode ser desfeito na rotação do mundo.

 

III. No primeiro poema não ocorre referências a aspectos narrativos, não inviabilizando que haja outros recursos diferenciados quanto ao gênero lírico.

 

IV. O poema “O amor bate na aorta” apresenta elementos estéticos que ressoam musicalidade graças ao uso de rimas. 


Estão corretas as afirmações:


A) I e II.

B) I, II e III.

C) II e III.

D) IV e I.

E) I, II e IV.




...
GABARITO: ALTERNATIVA "E"


COMENTÁRIO:

A afirmação I. está correta porque o amor é levantado como algo inevitável ao homem e que é inerente à sua condição.

A afirmação II. está incorreta pois não há uma perspectiva temporal colocada nos textos. 

 A afirmação III. está correta pois não há aspecto narrativo, como há no segundo texto, em que uma sequência de ações é realizada pelo amor, denotando sua personificação.

 A afirmação IV. é verdadeira pois há algumas rimas no poema, que constroem um viés de musicalidade, como –eira e – -or.


A) I e II.

INCORRETA


B) I, II e III.

INCORRETA


C) II e III.

INCORRETA


D) IV e I.

INCORRETA


E) I, II e IV.

CORRETA

...
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