google.com, pub-9626352403045660, DIRECT, f08c47fec0942fa0 Brasil Imperial - Segundo Reinado

Brasil Imperial - Segundo Reinado

O primeiro ministério criado após o golpe da maioridade foi formado por elementos do Partido Liberal, principais responsáveis pela articulação do golpe e que assumiram o controle político do país.

O poder dos irmãos Andradas, os irmãos Coutinho e os irmãos Cavalcante predominavam nesse ministério e por isso ficou conhecido como O Ministério dos Irmãos.


Com a convocação, pelo Imperador, de novas eleições para compor a nova Câmara de Deputados, em 1840, o Ministério dos "irmãos" estava disposto a usar de meios violentos para garantir a vitória dos candidatos do Partido Liberal. Por isso as eleições de 1840 ficaram conhecidas como eleições do cacete, pois além do uso de bandos de capangas que invadiram os locais de votação, muitas umas foram adulteradas. 


O Partido Conservador não aceitou a vitória dos liberais nestas eleições e pressionaram D. Pedro II para a convocação de novas eleições. Com esses fatos D. Pedro 11 destituiu a nova Câmara dos Deputados, recém eleita, e convocou novas eleições.


Os liberais de S. Paulo e Minas, não satisfeitos com a subida dos conservadores ao poder, tomaram a dissolução da Câmara como pretexto para fazer estourar a revolução de 1842. Seus mentores eram Teófilo Ottoni, em Minas, e o Padre Diogo Feijó, em S. Paulo. O governo imperial enviou tropas lideradas por Luis Alves de Lima e Silva, então Barão de Caxias (futuro Duque de Caxias), que conseguiu deter esse movimento e prenderam os principais líderes, que só foram anistiados dois anos depois, em 1844. 


Liberais e Conservadores, tudo igual!?


De 1840 a 1889, isto é, durante todo o Segundo Reinado, apenas dois partidos políticos, o liberal e o Conservador, revezaram-se no poder.


Estes dois partidos se originaram no Período Regional com os nomes de Progressista (Liberal) e Regressista (Conservador).


As diferenças entre esses dois partidos, ficavam principalmente no campo do discurso político: os liberais geralmente defendiam um poder político mais descentralizado, com um poder decisivo maior para as províncias, eram favoráveis ao fim do tráfico negreiro, enquanto que conservadores defendiam um Estado central forte; no entanto na prática política esses partidos muito se aproximavam.


Daí a célebre frase citada por Oliveira Vianna (1883-1954): "Nada mais conservador do que um liberal no poder. Nada mais liberal do que um conservador na oposição."


Praticamente não havia diferença entre os dois e ambos defendiam, quase que exclusivamente, os interesses da aristocracia. Lutavam entre si apenas pelo poder político e mantinha excluído do poder a maior parte da população brasileira, pois o voto era censitário, isto é, dependia da renda da pessoa.


De 1853 a 1858 houve um período de paz e harmonia entre os partidos. Nesta época, José Honório Carneiro Leão (Marquês de Paraná) criou um ministério formado por homens do Partido Liberal e do Partido Conservador e que se chamou Ministério da Conciliação. Com a extinção desse ministério, em 1858, as lutas recomeçaram.


Em 1869, um grupo de liberais fundou um novo partido, chamado Partido Radical, que deu origem, em 1870, ao Partido Republicano.


o Parlamentarismo


Entende-se por Parlamentarismo o regime político em que o chefe do Poder Executivo é o primeiro-ministro. O Parlamentarismo no Brasil surgiu em 1847, quando foi criado o cargo de Presidente do Conselho de Ministros. A partir desse momento, o Imperador, em vez de escolher todos os seus ministros, escolhia apenas o Presidente do Conselho de Ministros. O primeiro-ministro, então, escolhia os demais ministros e formava o seu ministério o qual deveria ser aprovado pela Câmara dos Deputados em busca do voto de confiança.


No Parlamentarismo brasileiro O imperador exercia um forte poder, pois ele podia dissolver a Câmara ou o Gabinete caso ele não fosse aprovado e convocar novas eleições. Já que D. Pedro li era o chefe do Poder Moderador, o Parlamentarismo que caracterizou grande parte do Segundo Reinado ficou conhecido como "parlamentarismo às avessas", pois no Brasil não era o parlamento a principal força política e sim o imperador, que através do poder moderador podia subordinar os demais poderes.


Desta maneira, D. Pedro 11conseguiu a ordem política interna, intercalando gabinetes dos dois partidos que se revezaram no poder até 1889. Ora o ministério era formado pelo Partido Liberal, ora pelo Partido Conservador, e era mantida a autoridade centralizadora do Império.


A Revolução Praieira (1848)


Pernambuco já passara por muitas revoltas, mas a que explodiu em 1848 tem um caráter muito particular, pois não estava apenas ligada a conflitos entre os partidos do Império, embora os liberais não aceitassem a nomeação de um governador do Partido Conservador para Pernambuco.


Com a decadência do açúcar, o Nordeste brasileiro passou a ser uma das regiões mais pobres do Brasil. A oligarquia que controlava a produção de açúcar e dona das terras era a família Cavalcante e a situação do povo era de extrema miséria. Além disso, todo o comércio pernambucano era monopolizado pelos portugueses.


Em 1848, os rebeldes publicaram um Manifesto ao Mundo, de autoria de Borges da Fonseca, e iniciaram a primeira revolta que no Brasil toma caráter universal, pois eram os revoltosos influenciados pelos movimentos sociais europeus, chamado de "A primavera dos Povos". Por meio deste manifesto, os pernambucanos defendiam o voto livre, a liberdade de imprensa e de comércio, a extinção do Poder Moderador e o direito de trabalho aos brasileiros.  


As ideias eram divulgadas pelo Diário Novo, localizado na Rua da Praia, cujo principal redator, o General Abreu e Lima, havia sido companheiro de Bolivar nas lutas de independência do Equador, Colômbia e Venezuela. Tratou-se ao mesmo tempo de movimento hostil contra o que eles chamavam de "elemento português", formado pela classe de burgueses ricos que dominavam o comércio de Recife, bem como contra os latifundiários, que constituíam poderosas oligarquias de famílias rurais, ligadas ao Partido Conservador. 


A revolta iniciada em Olinda, não durou um ano. Foi sufocada pelas forças do governo. Entretanto, alguns rebeldes, liderados por Pedro Ivo, continuaram resistindo no interior por mais três anos, quando Pedro Ivo foi traído e preso. Em 1852, o governo concedeu anistia aos revoltosos. Completava-se a pacificação interna do país.


A Praieira foi uma das mais significativas revoltas sociais do Brasil. Teve a participação das camadas pobres da população pernambucana e encerrou o período de intensa agitação social iniciado no Período Regencial.



A tarifa Alves Branco


As relações entre o Brasil e a Inglaterra, após a independência em 1822, foram marcadas pela crescente dependência econômica brasileira e por abusos da diplomacia inglesa. Para reconhecer a independência brasileira, os ingleses exigiram a renovação dos tratados de 1810, que garantiam taxas alfandegárias preferenciais para os produtos ingleses, dando-lhes posição privilegiada no mercado nacional.


A produção de bens manufaturados era muito pequena, não era suficiente para suprir as necessidades internas. Produtos de consumo diário como velas, sabão, tecidos, eram importados. Apesar da economia nacional nesse período entrar num processo de aumento das exportações com o café, a balança de comércio não permitia o acúmulo de capital interno devido essa dependência econômica quanto aos bens industrializados.


Para atenuar esse problema Manuel Alves Branco (1797-1855), Visconde de Caravelas e também ministro da Fazenda em 1840, conhecedor de teorias econômicas clássicas, acreditava que a forma de equilibrar receitas seria o aumento das taxas de importação. Para isso em 1844 foi baixado uma série de tarifas na importação chamadas tarifa Alves Branco, o ministro era defensor do protecionismo alfandegário, as tarifas seriam aumentadas em 30% para produtos importados e 60% para produtos importados com similares já produzidos no Brasil.


A tarifa Alves Branco pretendia:


• Aumentar a receita do Império; 

• Incentivar a indústria nacional; 

• Equilibrar a balança comercial.


A Inglaterra foi contra a tarifa e articulou algumas questões contra o império.


A Abolição do Tráfico Negreiro

A Inglaterra aboliu a escravidão em suas colônias em 1807 e iniciou um processo para pressionar os países escravistas a fazer mesmo. Inclusive para reconhecer o Brasil como independente em 1822 cobrou como uma das exigências o fim do tráfico negreiro. Em 1831 o Brasil transformou em lei a proibição do tráfico negreiro nas terras do nosso país. no entanto essa lei nunca foi cumprida plenamente, foi apelidada de "lei para inglês ver".


Diante do descaso do governo brasileiro, a Inglaterra, em 1845, aprovou uma lei chamada Bill Aberdeen, definindo que a Marinha britânica tinha o direito de aprisionar qualquer navio negreiro. 


Diante da pressão inglesa o governo brasileiro promulgou uma nova lei em 1850, chamada de Eusébio de Queiroz, que decretava o fim do tráfico de escravos, tomando ainda, urna série de medidas punitivas e forte fiscalização nos portos, que finalmente extinguiram esse comércio.


A economia cafeeira


O Brasil mesmo após a independência se manteve como um país agro exportador, onde as elites rurais continuaram a predominar. No entanto a produção de café possibilitou mudanças estruturais importantes no nosso país, como uma maior estabilidade econômica no império e a consolidação econômica do centro-sul como centro político e econômico do Brasil em detrimento do nordeste.


O café é urna planta originária da Etiópia e foi muito cultivado entre os árabes, tomando-se mais conhecido na Europa a partir do século XVI. O café foi trazido para o Brasil contrabandeado pelo aventureiro Palheta e foi no século XIX que se difundiu no país, com o declínio da economia mineradora.


Introduzido primeiramente no Pará, logo foi levado para o Rio de Janeiro onde existia infraestrutura, mão-de-obra escrava disponível, abundância de animais para o transporte e facilidade para o escoamento, dando um grande impulso inicial.


A primeira região onde o café adquiriu importância foi o Vale do Paraíba, localizado nos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo, onde fazendas de café continuavam a praticar a monocultura do produto, com mão-de-obra escrava e com a produção voltada para o mercado externo. Porém a devastação das matas auxiliares, com uma cultura extensiva e predatória. provocou o rápido esgotamento do solo e a erosão, levando ao declínio da economia cafeeira na região. 


O declínio do café no vale do Paraíba e a crescente demanda, provocaram sua expansão, partindo de Campinas, pelo oeste paulista. Encontrando clima propício e um tipo de solo extremamente fértil, conhecido como terra roxa, a produção cafeeira expandiu-se na direção de Ribeirão Preto, e depois alcançou Minas Gerais e o norte do Paraná.


A regularidade do relevo na região, ao contrário do vale do Paraíba onde o café era produzido nas encostas das montanhas, favorecia uma melhor conservação do solo, garantindo por mais tempo a qualidade do café, que era escoado pelo porto de Santos.


A produção cafeeira do Oeste Paulista produziu uma nova aristocracia, os chamados Barões do Café, mais moderna e mais urbana, comparada a tradicional aristocracia açucare ira. Investia capital no desenvolvimento dos meios de transporte e comunicação (telégrafos, telefone, estradas de ferro e portos), visando facilitar o escoamento do produto e o acesso às suas propriedades. 


Passaram a participar mais intensamente da vida política, atividades financeiras e industriais, aumentando os lucros do café. A presença desta aristocracia nas cidades contribuiu para a implantação de uma infraestrutura que garantisse uma melhor qualidade de vida (casas, iluminação, sistema de abastecimento de água e transporte).


A produção cafeeira equilibrou a balança comercial brasileira, conservando-se como principal produto de exportação durante todo o Segundo Reinado, tendo os Estados Unidos corno principal comprador do café brasileiro.


Foi reforçada a estrutura socioeconômica tradicional do país, com uma altíssima concentração de riquezas, grande propriedade e monocultura exportadora.



A Era Mauá


No Segundo Reinado, especialmente na década de 1850, a estrutura socioeconômica brasileira manteve-se elitista e dependente do mercado externo.


Entretanto o desenvolvimento da economia cafeeira e o processo de urbanização e industrialização dinamizaram e ampliaram o quadro econômico e social no país. No Segundo Reinado, alguns fatores contribuíram para um surto industrial no pais.


  • A Tarifa Alves Branco em 1844, que estabeleceu uma política de protecionismo alfandegário. 
  • A extinção do tráfico negreiro em J 850, através da Lei Eusébio de Queiroz liberando capitais antes aplicados no comércio de escravos, para serem investidos no mercado interno. 
  • Desenvolvimento da economia cafeeira, que equilibrou a balança comercial brasileira. 

Estes fatores favoráveis à indústria provocou um surto de empreendimentos, nos quais se destacou Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá. que investiu em variados setores da economia urbana: produção de navios a vapor, estradas de ferro, comunicações telegráficas, bancos, obras de infraestrutura pública como iluminação e encanamento de água, etc. Por sua ousadia, passou a ser o símbolo da época, chamada de Era Mauá. No entanto, a força da elite brasileira vinculada à agricultura e a concorrência inglesa, acabaram por sabotar o desenvolvimento industrial. Mauá foi à falência e junto com ele, acabava o surto industrial que levou seu nome.


A Questão Christie


O Brasil era um país dependente economicamente da Inglaterra e, por isso, sujeito aos abusos dos diplomatas ingleses, que tratavam com pouco caso as populações dos países subordinados. O objetivo de William Dougall Christie, embaixador inglês no Brasil, era manter essa relação de superioridade empreendida pelo seu governo. No entanto algumas das suas atitudes nada diplomáticas em alguns episódios, criaram uma atmosfera desfavorável às relações anglo-brasileiras, marcadas por incidentes que se teriam resolvido prontamente, não fossem os abusos do diplomata inglês. 

O primeiro incidente se deu em 1861, quando o navio inglês Príncipe de Gales naufragou no Rio Grande do Sul e sua carga foi roubada por desconhecidos, com suspeita ainda do assassinato de alguns dos seus tripulantes. 

O segundo incidente se deu em 1862, quando três oficiais da Marinha inglesa, componentes da fragata Fort, foram presos no Rio de Janeiro porque, bêbados, provocaram desordens e desacataram a polícia. Reconhecidas as suas identidades, pouco depois, os oficiais foram colocados em liberdade.

Christie exigiu do governo brasileiro uma indenização de 3.200 libras pela carga do navio e propôs a interferência da Marinha inglesa no inquérito e exigiu também que o Imperador pedisse desculpas à Inglaterra pelos oficiais. 

O Império não concordou com tal interferência. O Imperador brasileiro resolveu pagar a indenização; porém não admitiu as outras exigências de Christie. O Imperador resolveu então ignorar Christie e procurou tratar diretamente com o Governo de Londres. O Ministro inglês pôs então em prática suas ameaças, mandando navios ingleses bloquear o porto do Rio de Janeiro e capturar 5 navios mercantes brasileiros.

Pedro II colocou a questão sob a arbitragem de Leopoldo I, Rei da Bélgica. Leopoldo I reconheceu as nossas razões e deu ganho de causa ao Brasil. Os navios foram devolvidos. D. Pedro II resolveu cortar as relações diplomáticas com a Inglaterra, em 1863, retornando relações apenas em 1865.


As Guerras Platina


Entre 1851 e 1870, o Brasil participou de três guerras na região platina: 


• contra Oribe, do Uruguai, e Rosas, da Argentina; 

• contra Aguirre, do Uruguai; 

• contra Solano Lopez, do Paraguai


A região platina é formada pela Argentina, Uruguai e Paraguai e é banhada por três grandes rios: o rio Paraná, o rio Uruguai e o rio Paraguai. 


Era uma região de intensa atividade comercial e alguns brasileiros tinham interesses econômicos nela. Para eles, era importante que fosse mantida a liberdade de navegação na bacia platina, porque o Brasil comerciava na área e usava os rios para chegar mais facilmente ao Mato Grosso.


Guerra contra Oribe e Rosas (1851-1852)


Depois da independência. surgiram dois partidos políticos no Uruguai: o Partido Blanco e o Partido Colorado. Eram constantes os conflitos entre os Colorados e os Blancos na disputa pelo poder no Uruguai. 


Em 1829, subia ao poder na Argentina Juan Manuel Rosas que, tomando-se caudilho ditador, procurava restaurar a ordem no país. Aproveitando a situação de tensão (a luta entre Blancos e colorados no Uruguai e a revolução Farroupilha no Rio Grande do Sul (1835)) Rosas idealizou restabelecer o Vice-Reinado do Prata. 


Inicialmente realizou bloqueios comerciais no rio do Prata. A França foi a primeira a protestar em 1839; logo depois por pressão da Inglaterra frustraram-se seu bloqueio econômico no Rio do Prata. 


Em 1851, Oribe, chefe do Partido Blanco, tomou o poder e, com o apoio de Rosas, ditador argentino, fez um bloqueio no porto de Montevidéu, prejudicando o comércio na bacia platina. Isto provocou os protestos de ingleses, franceses e brasileiros; enfim, daqueles que tinham interesses comerciais na região. 


No entanto procurando tirar partido da rivalidade franco-britânica, Rosas levou avante o seu plano, aliando-se a Oribe no Uruguai e bloqueando os portos deste país no comércio estrangeiro. Esta aliança praticamente fechava a Bacia do Prata.


Só então a Inglaterra, que observava os acontecimentos, resolveu aproximar-se da França para, numa ação conjunta, porem termo à política de Rosas, que arruinava o comércio estrangeiro no Prata.


Em defesa dos seus interesses econômicos, O Brasil resolveu lutar contra Oribe e Rosas. As tropas brasileiras comandadas por Caxias, aliaram-se às tropas do uruguaio Rivera, que lutava contra Oribe, e às tropas de Urquizas, um argentino inimigo de Rosas. 


Uma aliança entre Rivera do Uruguai, o Império brasileiro e o general Urquiza, das provincias argentinas revoltosas de Comentes e Entre Rios, culminaram na derrota tanto de Oribe (Uruguai), como de Rosas (Argentina). O governo argentino passou para as mãos de Urquiza. 


Depois da vitória sobre Oribe, o Brasil partiu para a luta direta contra Rosas. Em 1852, as tropas brasileiras venceram as tropas argentinas na Batalha de Monte Caseros e Rosas fugiu para a Inglaterra.


Guerra contra Aguirre (1864) 


Com a chegada ao poder de Atanásio Cruz Aguirre, líder Blanco, se iniciou um novo conflito na região do prata, marcada por represálias aos brasileiros que viviam no Uruguai e violações às fronteiras brasileiras através de vários ataques às estâncias gaúchas, com o roubo de gado e ocupações irregulares. Os cidadãos brasileiros estabelecidos naquele país, estimados em 40 mil pessoas, também passaram a ser alvo de perseguições e violência contra essas pessoas e suas propriedades.  


O governo brasileiro, pressionado pelos gaúchos, exigiu de Aguirre uma indenização pelo gado roubado e, dando a ele um Ultimatum. Como Aguirre não atendeu às exigências brasileiras. iniciou-se a guerra. As forças brasileiras, comandadas pelo vice-almirante Tamandaré, pelo Marechal Mena Barreto e auxiliadas pelas tropas uruguaias de Venâncio Flores, inimigo de Aguirre e líder do Partido Colorado, derrubaram Aguirre do poder, em 1865.


As tropas brasileiras com apoio do uruguaio Coronel Venâncio Flores, conquistaram a região de Paysandu, Vila do Salto, e no início de fevereiro de 1865 sitiaram a capital Montevidéu, que capitulou com a deposição de Aguirre em 15 de fevereiro deste ano.


Com a queda de Aguirre o Uruguai passou a ser governado pelo colorado Venâncio Flores, que foi aliado do Brasil na derrubada do presidente uruguaio.


A Guerra do Paraguai (1864-1870)


A Guerra do Paraguai também chamada de Guerra da Tríplice Aliança foi o mais longo conflito da América do Sul. Envolveu o Brasil, a Argentina e o Uruguai contra o Paraguai . 


O Paraguai, desde a sua independência em 1811, procurou se isolar dos conflitos platinas até a subida do ditador Francisco Solano Lopez, que preocupado com a situação vulnerável do Paraguai quanto as suas relações com o exterior, provocada pelo fato do país não ter uma saída direta para o mar, iniciou uma postura mais agressiva buscando a conquista da liberdade de navegação no estuário do Prata e um caminho rumo ao Oceano Atlântico. Mas para isso ele entraria em conflito com os interesses da Argentina, Brasil e Uruguai na região.


O Paraguai, antes da Guerra, podia servir de exemplo para os outros países sul-americanos. Era um país que não dependia economicamente de ninguém. Não admitia o capital estrangeiro e possuía urna moeda extremamente forte. Sem o capital estrangeiro o Paraguai havia criado siderurgia, estradas de ferro, telégrafos, fábricas de armas e de pólvora, fábrica de tecidos, de material para construção, de papel, de tinta etc. Na época de Francisco Solano Lopez, foi criado o serviço militar obrigatório, se concedeu terra aos camponeses, o governo controlava várias fazendas e não havia analfabetos no país. 


O presidente Francisco Solano Lopez tinha uma pretensão imperialista, que era a de formar o Grande Paraguai, formado pelo Paraguai, pelo Uruguai, por regiões argentinas, pelo Rio Grande do Sul e pelo Mato Grosso, assim tendo uma saída para o Oceano Atlântico.


O nacionalismo econômico paraguaio perturbava os interesses da Inglaterra, interessada em explorar os sul-americanos. A Inglaterra temia que o nacionalismo paraguaio fosse exemplo para outros países como Brasil e Argentina. 


Por tudo isso, a Inglaterra estimulou o conflito contra o Paraguai. Para ela era fundamental que Solano Lopez e o nacionalismo econômico paraguaio desaparecessem. Para a Inglaterra não foi difícil apoiar o Brasil e a Argentina a fazerem a guerra contra o Paraguai, porque Solano Lopez pretendia conquistar terras destes dois países para formar o Grande Paraguai.


A Guerra


A Guerra do Paraguai começou com a ofensiva paraguaia quando Solano Lopez mandou aprisionar o navio brasileiro Marquês de Olinda e todos os seus tripulantes, que se dirigia para O Mato Grosso e se encontrava perto de Assunção, capital do Paraguai, com a justificativa de que o Brasil violou o governo uruguaio, em novembro de 1864. 


Na primeira fase da guerra os avanços foram das tropas paraguaias do forte Coimbra no Mato Grosso, Corumbá, quase conquistando a capital Cuiabá, que só não foi tornada pois os paraguaios centralizaram seus esforços em direção sul. Em 1865, Solano Lopez atravessou um pedaço do território argentino com a finalidade de conquistar o Rio Grande do Sul. A Argentina reagiu a esta invasão do seu território e entrou na guerra ao lado do Brasil.


O tratado da Tríplice Aliança foi assinado em maio de 1865. A vantagem do exército paraguaio era muito grande, seu exército bem preparado e a armada chegava a 60 mil homens, enquanto que o da Tríplice Aliança representava um terço deste número. O Brasil foi o que mais enviou soldados (8 mil homens) e em sua maioria não eram treinados, pois a maioria do contingente brasileiro foi formada pelos Voluntários da Pátria, cidadãos que se apresentavam para lutar.


A vantagem dos brasileiros estava em sua marinha de guerra: 42 navios com 239 bocas de fogo e cerca de quatro mil homens bem treinados na tripulação. E a maior parte da esquadra já se encontrava na região do Prata, onde havia atuado na intervenção contra Aguirre. A vitória do Almirante Barroso, na Batalha do Riachuelo (1865), foi decisiva para a libertação do Rio Grande do Sul e para a condução do conflito pois deteve a ofensiva de López, que passou a se defender. Os paraguaios, chefiados pelo General Estigarríbia, renderam-se em Uruguaiana. 


Fortalecidos os aliados, sob o comando de Bartolomeu Mitre, presidente da Argentina e comandante da Triplice Aliança, agora com um exército de 50 mil homens bem treinados, iniciaram a invasão do território Paraguaio no final de 1865. 


Em 1866 travou-se a Batalha de Tuiuti, considerada a maior batalha campal da América do Sul. Depois de vitorioso nesta batalha, o General Osório, comandante das forças brasileiras, foi substituído por Caxias, dando início à segunda fase da guerra do Paraguai. Caxias foi responsável por uma série de vitórias nesta guerra, como, por exemplo, as sucessivas vitórias no mês de dezembro de 1868, (dezembrada), em Itororá, Aval, Angostura e lomas Valentinas.


Em janeiro de 1869, Caxias entrou vitorioso em Assunção e pouco depois deixou o comando da guerra para o Conde D'Eu (Principe Gastão de Orleans), genro de Pedro II. 


O Conde D'Eu empreendeu violenta perseguição a Solano Lopez. Foi a Campanha das Cordilheiras, que teve a Batalha de Campo Grande e a Batalha de Cerro Corá, onde morreu o ditador paraguaio, com um tiro do Cabo Chico diabo. Estava terminada a guerra (10 de março de 1870).



Consequências da Guerra


A Guerra deixou profundas marcas tanto no Brasil como no Paraguai. 


O Paraguai ficou arrasado. Aproximadamente 80% dos homens paraguaios morreram na guerra e os que sobraram eram na maioria velhos, crianças e aleijados. O povo paraguaio passou a viver basicamente da agricultura, por que a sua indústria foi paralisada. O Paraguai ficou endividado com o Brasil e a dívida foi perdoada, em 1943, por Getúlio Vargas. Ainda teve perdas territoriais. 


Quanto ao Brasil, as consequências também foram amplas. Morreram milhares de brasileiros. Os gastos com a guerra afetaram bastante a nossa economia e o governo foi obrigado a pedir novos empréstimos externos. Com isso aumentou ainda mais a nossa dívida externa.


Ao terminar a guerra passamos a ter um Exército vitorioso e modernizado, onde muitos oficiais, geralmente vindos da classe média, não admitiam mais o Império escravista e passaram a aderir às campanhas abolicionistas e republicanas, como veremos depois. 


O Exército passava a ser, também, a possibilidade de ascensão para os ex-escravos e outras pessoas de baixa condição social. O crescimento do exerci como força política e o contato de seus oficiais com Repúblicas como Argentina e Uruguai, onde os militares tinham urna posição de liderança política, alimentou nos oficiais brasileiros o desejo de maior participação nos destinos do império, fato que proporcionou o enfraquecimento de D. Pedro 11.


Um Herói de Verdade Luís Alves de Lima e Silva (Duque de Caxias) - Patrono do Exército Brasileiro. Nasceu na região da Serra da Estrela, atual município de Duque de Caxias, Rio de Janeiro. a 25 de agosto de 1803, filho de Francisco de Lima c Silva, futuro regente do Império. Assentou praça como cadete aos cinco anos de idade, com conseção especial do Imperador D. Pedro I. Aos 15 alcançou o posto de alferes e aos 20 concluiu o curso da Real Academia Militar com distinção. Veterano da independência, destacou-se na Bahia, combatendo as tropas de Portugal, que resistiam à emancipação. Lutou na guerra da Cisplatina. Tendo sido promovido ao posto de major e designado para o comando do batalhão do imperador, tropa de elite subordinada a D. Pedro I. Após a abdicação, de Pedro I, chefiou a polícia militar da corte e atuou nas lutas do período regencial. Pacificou a balaiada no Maranhão (1841), e as revoltas liberais de São Paulo e Minas Gerais, em 1842, foi um dos responsáveis pelo fim da revolução Farroupilha, tendo negociado de forma favorável a paz.



Foi Presidente da províncias do Maranhão (1839-41) e do Rio Grande (1842-46), lutou contra Oribe (Uruguai) e Rosas (Argentina), entre 1851 e 1855. Participou da guerra do Paraguai, assumindo a liderança do Exército Imperial em 1866, onde reorganizou o Exército Imperial, dando uma estrutura profissional ao mesmo, e preparando para a vitória na guerra. O certo é que seu desempenho à frente das forças aliadas concorreu de modo inquestionável para o triunfo final sobre o inimigo. 


Dentre outros episódios, celebrizou-se nos combates de Estabelecimento, Avaí, Lomas Valentinas, (a famosa Dezembrada) e a entrada vitoriosa em Assunção. Ocupada a capital paraguaia, o marechal deu por encerrada a sua missão, retomando ao Rio de Janeiro em fevereiro de 1869. Senador pelo Rio Grande do Sul desde 1846, integrava o Partido Conservador. 


Ocupou a pasta da Guerra por três vezes, sendo que, em 1855, no governo do marquês de Paraná, contribuiu para a política de conciliação, assumiu a presidência do Conselho, função que voltaria a ocupar no 16.0 e 26.0 gabinetes do Segundo Reinado, sendo que em 1875 coube-lhe encerrar a Questão Religiosa, concedendo anistia aos bispos de Olinda e do Pará. Homem de confiança de D. Pedro 11, recebeu o titulo de barão de Caxias (1841), sendo elevado sucessivamente a conde (1845), marquês (1852) e Duque (1869), o único da nobiliarquia brasileira fora da família imperial. Faleceu a 8 de maio de 1880, na fazenda Santa Mônica, na província do Rio de Janeiro.


Crise da Monarquia e proclamação da República



A crise do Império brasileiro está relacionada com as transformações que ocorreram na sociedade brasileira na segunda metade do século XIX, principalmente com as transformações ocorridas a partir de 1870, isto é, após a Guerra do Paraguai. Com o fim da guerra várias questões explodiram no Brasil corno, por exemplo, a Questão Militar, a Questão Religiosa e a Questão Abolicionista.

Essas questões, em conjunto, formam as causas da queda do Império e da Proclamação da República, porque o poder do governo imperial se sustentava principalmente na escravidão. no Exército e na Igreja Católica.

A questão abolicionista se estabeleceu quando, em 13 de maio de 1888, o governo perdeu o apoio de muitos senhores de escravos, pois o império colocava fim em séculos de escravidão e não previa a indenização das elites escravocratas. Desta forma esse grupo social, que foi um dos pilares do império, se sentindo traído pelo governo acabou também abandonando a defesa da monarquia e muitos passaram, inclusive, a defender a instalação da República.

A Igreja Católica também apresentou alguns problemas com o governo imperial. Nesse período havia o sistema do Padroado, onde a igreja católica fazia parte do governo e as ordens do Papa passavam pela autorização do Imperador. O Papa Pio IX decretou uma Bula que defendia o combate às ideias da maçonaria. Mesmo com o Imperador não aprovando essa Bula, alguns bispos, em 1872, perseguiram membros da maçonaria em Belém e Olinda e o governo mandou prendê-los gerando a chamada Questão Religiosa. Muitos membros do clero católico acharam exageradas as decisões do imperador, gerando uma insatisfação crescente nesta instituição que sempre apoiou o governo imperial.

O Exército começou a lutar contra o governo porque. apesar de ter saído da Guerra do Paraguai vitorioso, fortalecido e modernizado, continuava marginalizado pela aristocracia, dona do poder. Como eram marginalizados, os militares do Exército começaram a lutar pela participação no poder político e adotaram as ideias republicanas. Além disso, os militares passaram a acreditar que só o Exército poderia salvar o país da crise econômica. dos problemas sociais, das fraudes nas eleições, da corrupção política.

A partir da Guerra do Paraguai muitas ideias políticas começaram a se desenvolver entre os militares do Exército. Muitos passaram a admitir o ideal militar de salvação nacional, ou seja, a ideia de que só o Exército poderia salvar o país. Acreditavam que a função do Exército não era apenas defender a nação, mas também salvar o Brasil dos seus problemas políticos. sociais e econômicos. e que isto só seria possível com a participação dos militares no poder.

Entretanto, para os militares chegarem ao poder, era preciso derrubar o governo que estava nas mãos da aristocracia, classe social responsável pela marginalização política do Exército. O principal responsável pela divulgação das ideias republicanas dentro do Exército foi Benjamim Constant, militar. professor na Escola Militar do Rio de Janeiro e um dos principais responsáveis pela Proclamação da República.

Defendendo as ideias republicanas. o ideal militar de Salvação Nacional e as ideias de "Ordem e Progresso", os militares do Exército se uniram aos cafeicultores e derrubaram o Império no dia 15 de novembro de 1889.


A filosofia positivista


Considerando a ciência corno a mais alta realização da mente, os positivistas buscaram aplicar ao estudo da sociedade uma abordagem empírica rigorosa. Acreditavam que o filósofo tinha de proceder como um cientista, juntando e classificando cuidadosamente os dados e formulando regras gerais que demonstrassem uma regularidade na experiência social. Tal conhecimento, fundamentado em fatos concretos, forneceria critérios úteis ao planejador social.


Augusto Comte (1798-1857), fundador do Positivismo, pregava que a história e a sociedade deveriam ser tratadas sob uma abordagem puramente científica: somente mediante uma compreensão adequada das leis que regem os negócios humanos. afirmava ele. a sociedade. que se encontrava num estado de anarquia intelectual, podia ser reorganizada racionalmente. Comte deu o nome de positivismo ao seu sistema. pois acreditava que este se fundamentava no conhecimento proveniente de fatos observados, podendo portanto ser constatado empiricamente.

Entre os militares brasileiros essas ideias foram muito divulgadas. e foi um dos motivos para crescer as ideias republicanas nesta instituição, pois para Comte os governos monárquicos representavam o atraso e, ainda, entre os nossos militares positivistas predominava a ide ia do soldado-cidadão, como o elemento capaz de desenvolver o país para o progresso com a criação de um governo ordeiro que busca o progresso com a modernização da sociedade, especialmente através da expansão dos conhecimentos científicos e da indústria.


A Questão Militar


A questão militar foi uma série de episódios ocorridos entre oficiais do Exército que criticavam a corrupção no império. Desde o final da guerra do Paraguai começa a surgir um ambiente de tensão entre os oficiais do Exército, insatisfeitos com as limitações de seus direitos de cidadania. A partir de 1875, professores e jovens oficiais oriundos da Escola Militar da Praia Vermelha, desejosos de ter maior peso nos debates nacionais e pôr em prática as doutrinas positivistas aprendidas na Escola Militar, começam a contestar mais violentamente as falhas do Império. Além disso, a vitória sobre O Paraguai fez crescer o orgulho dos Militares. Suas principais reivindicações centravam-se no direito de reunião e de livre manifestação política. 

O primeiro episódio da questão militar está relacionado a apresentação na Câmara dos Deputados, em 1883, de urna proposta de reforma do montepio militar. Para contestá-la, organizou-se um "Diretório" na Escola Militar, presidido pelo tenente-coronel António de Sena Madureira. Ex-combatente da Guerra do Paraguai, prestigiado pelos colegas de farda, Sena Madureira escreveu em jornais para combater a reforma. Este fato levou a sua transferência para o Rio Grande do Sul. Ele ficou conhecido corno "revolucionário e republicano".

Em 1885, temos o caso de Cunha Matos, o mais grave de todos os incidentes entre a Coroa e os militares. O coronel Ernesto Augusto da Cunha Matos, outro veterano da Guerra do Paraguai, após inspecionar as guarnições do Piauí, denunciou as irregularidades cometidas pelo capitão Pedro José de Lima, ligado ao Partido Conservador. O deputado Simplício Rezende, do mesmo partido, tomou a defesa do capitão na tribuna da Câmara. Desautorizou Cunha Matos, chamando-o de "traidor e covarde", na presença do ministro da Guerra, deputado Alfredo Chaves. O oficial criticou publicamente o ministro por sua indiferença em face dos ataques dirigidos pelo deputado a um militar, levando o ministro a repreender e prender Cunha Matos. Foi o estopim da crise. A oficialidade, por sua vez, considerou as punições aos colegas uma ofensa coletiva e questionou o governo sobre o direito de livre manifestação da classe militar. Para dirimir a questão, o gabinete consultou o Supremo Tribunal Militar, que emitiu parecer favorável à liberdade de expressão dos militares pela imprensa. Em vista disso, 200 oficiais do Exército, liderados por Deodoro, propuseram ao governo tomar sem efeito a repreensão a Cunha Matos e Sena Madureira. O barão de Cotegipe aceitou revogá-la.

Em 2 de fevereiro de 1887. oficiais e cadetes se reuniram no teatro Recreio Dramático, no Rio de Janeiro, sob a presidência de Deodoro. Aprovaram um documento com as principais reivindicações dos militares e conferiram ao velho marechal plenos poderes para apresentá-lo ao imperador. Em audiência com D. Pedro II, Deodoro conseguiu não só a revogação do ato que proibia a manifestação de militares pela imprensa, como ainda O afastamento do ministro da Guerra, desde que os interessados o solicitassem.


A Questão Religiosa


Ê importante observar que, ao mesmo tempo em que estava ocorrendo a campanha abolicionista, ocorria a campanha republicana, a luta do Exército contra o Trono e a crise dos bispos do Brasil com a submissão ao Estado. A submissão da Igreja ao Estado se definia pelo Padroado e pelo Beneplácito

O Padroado era o direito que o Imperador tinha de intervir na nomeação de sacerdotes e na construção de igrejas. O Beneplácito era o direito do Imperador de examinar todas as ordens vindas do Vaticano. Estas ordens só entrariam em vigor no Brasil após o placet, isto é, após o consentimento imperial. Desta maneira, a autoridade dos bispos era limitada. 

Em 1864, o Papa Pio IX, através da Bula Syllabus, proibiu os padres de participarem da maçonaria e esta proibição não foí aceita pelo governo imperial. Em 1874, o Bispo de Olinda, D. Vital de Oliveira, e o Bispo de Belém do Pará, D. Antônio Macedo Costa, em obediência à Bula Syllabus, mandaram fechar todas as irmandades religiosas em Pernambucano e Pará cujos membros não tivessem se afastado da maçonaria. 

O governo agiu energicamente contra os dois bispos. O primeiro-ministro, Visconde do Rio Branco, mandou prender os bispos e os condenou a quatro anos de reclusão com trabalhos forçados. 

É certo que, no ano seguinte, Caxias, nomeado primeiro-ministro, concedeu liberdade aos bispos. Porém, o Império, com a prisão dos bispos, perdeu a simpatia do clero e da população. Mais uma importante coluna de apoio ao Império caía.


O Movimento Republicano


Durante o Segundo Reinado, dois partidos políticos se revezaram no poder: o Liberal e o Conservador. 

Entretanto, em 1868, uma briga entre os liberais provocou uma divisão do Partido e um grupo deles fundou um novo partido, chamado Partido Radical, em 1869. 

Em 1870, os membros do Partido Radical publicaram um manifesto que dizia: "Somos da América e queremos ser americanos". Este manifesto, assinado por homens como Quintino Bocaiúva, Rangel Pestana, Saldanha Marinho e outros, deu origem ao Partido Republicano. 

O Partido Republicano nasceu de urna proposta de descentralização política, de Federação, isto é, de autonomia das províncias e dos municípios.

Em 1873, na cidade paulista de Itu, foi criado o Partido Republicano Paulista (PRP), um dos principais partidos republicanos responsáveis pela Proclamação da República.


A questão abolicionista


Os senhores de escravos não se conformaram com a abolição da escravidão e com o fato de não terem sidos indenizados. Sentindo-se abandonados pela Monarquia passaram a apoiar a causa republicana, surgindo os chamados Republicanos de 13 de Maio (chamada assim por causa da data em que a Lei Áurea foi assinada). As principais leis que contribuíram para o fim da escravidão no Brasil foram: 1850, Lei Eusébio de Queiroz (extinguia o tráfico negreiro); 1871, lei do Ventre livre (os filhos de escravos seriam considerados livres, devendo aos proprietários criá-los até os oito anos); 1885, lei dos Sexagenários (quando o escravo completasse 65 anos eles estariam libertos); e 13 de Maio de 1888, Lei Áurea (abolição total da escravidão, assinada pela princesa Isabel, que substituía provisoriamente o Imperador).  


Causas e consequências


O Império brasileiro e suas instituições se encontravam em franco processo de deterioração, não acompanhando as transformações que se processavam na economia e na sociedade. 

As transformações econômicas e sociais que se operaram no Brasil a partir de 1850, estavam diretamente ligadas ao café, em expansão no Oeste Paulista. A expansão das lavouras exigia cada vez mais mão-de-obra e a Inglaterra já havia pressionado o Império brasileiro no sentido de suspender o tráfico de escravos. Daí a substituição pelo trabalho livre do imigrante. O senador Vergueiro foi o primeiro a trazer imigrantes para o Brasil criando as colônias de Parcerias.
 
Ao lado dessas transformações, o surgimento de um forte e organizado setor da economia colaborava para o desenvolvimento das comunicações e transportes: a cafeicultura. 

Esse novo setor desenvolvido no Oeste Paulista significava uma nova força econômica que não possuía, entretanto, o poder político. Seus representantes almejavam um regime de autonomia, pois só assim poderiam se expandir. O Império, entretanto, era unitarista, tirando dos grupos regionais o poder das decisões. Para o cafeicultor o regime que melhor se afinava com seus interesses era o de uma República Federativa, pois, além de descentralizar o poder nos Estados, ainda possibilitaria o domínio do governo como um instrumento dos seus interesses de classe dominante economicamente.

Causas da Proclamação da República: 

• O predomínio das novas regiões cafeeiras na economia do país; 

• O ideal de federação, que levaram muitos a apoiarem os republicanos, contra o unitarismo imperial; 

• Influência do positivismo de Augusto Conte, largamente difundido por Benjamim Constant entre os militares; 

• A abolição da escravidão sem indenização, que privou o Imperador do apoio dos grandes senhores de escravos; 

• A questão religiosa.


O golpe de 15 de novembro


Na noite de 15 de novembro, o Marechal Deodoro da Fonseca, de grande prestígio no Exército, coloca-se à frente das tropas reunidas no Campo de Santana, pois alguns militares republicanos espalharam o boato de que Benjamim Constant, tenente-coronel divulgador de ideias republicanas e positivistas, tinha sido preso. Deodoro depôs o ministério do Barão de Ouro Preto e o Imperador não consegue contornar a crise, mesmo nomeando um novo ministério. Deodoro proclama a República no mesmo dia. Nascia a República, ficando o governo provisório nas mãos do Marechal Deodoro da Fonseca. 

A Primeira República ou República Velha vai de 1889 a 1930. Os primeiros cinco anos da República, entretanto, foram marcados pela presença de militares nos cargos presidenciais, daí a denominação de "REPÚBLICA DA ESPADA"(1889/94). 


A Bandeira republicana


Pelo decreto 4, de 19/11/1889 (razão de nessa data ser comemorado o Dia da Bandeira) foi definido o pavilhão definitivo, mantido até hoje com modificações mínimas. Foi o ministro da Guerra, Benjamin Constant, quem lembrou o nome do professor Raimundo Teixeira Mendes, presidente do Apostolado Positivista do Brasil, para idealizá-la. Ele teve a colaboração do Dr. Miguel Lemos e do professor Manuel Pereira Reis, catedrático de astronomia da Escola Politécnica. O desenho foi executado pelo pintor Décio Vilares. 

A faixa branca em sentido oblíquo e descendente da esquerda para a direita, com a legenda "Ordem e Progresso" - cuja posição exata na bandeira não constou no decreto que a criou, foi motivo de dúvidas e especulações. Alguns diziam ser ela a Eclítica (círculo máximo da esfera celeste, correspondente à trajetória do Sol em seu movimento anual aparente, em tomo da Terra, cujo plano forma com o do Equador um ângulo de 23"27"). 

Outros acreditavam tratar-se do Equador Celeste, e outros ainda afirmavam que se tratava da Zona Zodiacal ou Zodíaco. Mas essa faixa branca é apenas um espaço destinado a receber a expressão positivista "Ordem e Progresso", parte de um dos lemas mais conhecidos do filósofo francês Auguste Comte (1798-1857), o fundador do Positivismo. Esse movimento contava com muitos seguidores no Brasil, entre eles o professor Raimundo Teixeira Mendes.

  

Projeto CHQAO

Aprovado no Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais do Exército Brasileiro e disposto a passar "bizus" aos irmãos de farda que buscam sua aprovação! Vem comigo, rumo ao Projeto CHQAO!

إرسال تعليق (0)
أحدث أقدم