A Cabanagem (Pará, 1835-1840)
A Cabanagem foi com certeza o mais importante movimento popular do Brasil Regencial. Foi feito por índios, negros e caboclos do Pará e que viviam em habitações feitas de palhas (cabanas). Daí o seu nome: cabanos.
Os cabanos, levados pela decadência do comércio das drogas do sertão, tomam conta da cidade de Belém e derrubam o poder estabelecido. Não podendo deixar passar sem punição esse movimento, o governo organizou uma violenta repressão que, aliada à desorganização do cabanos, fez com que eles fossem vencidos na capital, em 1836, pelas forças do governo. A luta durou até 1840, quando a província por fim foi pacificada. A Cabanagem deixou um saldo de 40.000 mortes.
A Sabinada (Bahia, 1837-1838)
A Sabinada foi um movimento rebelde ocorrido na Bahia, em 1837, liderado pelo médico Sabino Vieira da Rocha. Contraditório o movimento queria que o atual estado da Bahia ficasse independente até a maioridade de D. Pedro de Alcântara, quando assim a Bahia voltaria a pertencer ao Império. Para tanto, proclamou a República Bahiense, em 1837, República Provisória. Reprimida em 1838, a Rebelião chegou ao fim e Sabino foi preso e desterrado para o Mato Grosso, onde faleceu.
Revolta dos Malês (Bahia 1835)
O malês eram escravos negros de religião muçulmana que sabiam ler, escrever em árabe além de fazer contas. Por este motivo, estes escravos eram utilizados por senhores como escravos de ganho, isto é, escravos utilizados para a venda de produtos e que tinham livre circulação pelas cidades onde faziam comércio. Esta relativa liberdade no entanto não diminuía os castigos e a violência provocada por sua condição de escravo.
Os fatores que levaram à revolta dos Malês foram: os maus tratos e castigos e a imposição da religião católica.
Em janeiro de 1835 um grupo de cerca de 1500 negros, liderados por muçulmanos, entre outros: Manuel Calafate, Aprígio e Pai Inácio, armaram uma conspiração com o objetivo de libertar seus companheiros islâmicos e matar brancos e mulatos considerados traidores, marcada para estourar no dia 25 daquele mesmo mês.
Arrecadaram dinheiro para comprar armas e redigiram planos em árabe, mas foram denunciados ao juiz de paz. Conseguem, ainda, atacar o quartel que controlava a cidade mas, devido à inferioridade numérica e de armamentos, acabaram massacrados pelas tropas da Guarda Nacional e por civis armados, que estavam apavorados ante a possibilidade do sucesso da rebelião negra.
A Balaiada (Maranhão, 1838-1841)
Semelhante à Cabanagem, foi também um movimento popular. Os fatores que levaram ao início do movimento foram: a decadência da produção de algodão, que prejudicou a elite proprietária local e levou à miséria a grande população humilde do Maranhão; e as disputas políticas entre o partido liberal local apelidado de bem-te-vi e os conservadores que eram chamados pejorativamente de cabanos na província.
Os cabanos no Maranhão representavam a elite local, ao contrário do Pará que era formado pela população de baixa renda.
O movimento era de caráter popular liderado por homens de baixa condição social. como o vaqueiro Raimundo Gomes, apelidado Cara Preta, o fabricante de balaios Manuel Francisco dos Anjos, apelidado o Balaio, e o Preto Cosme, que organizou um grupo de quase 3.000 negros alforriados e escravos.
o fato que costuma marcar o início da revolta ocorreu em dezembro de 1838. O vaqueiro Raimundo Gomes, conhecido como Cara Preta, passava pela Vila da Manga, levando uma boiada de seu patrão para vender em outro local. Na ocasião, muitos dos homens que o acompanhavam foram recrutados e seu irmão aprisionado sob a acusação de assassinato. O recrutamento obrigatório foi muito impopular, visto que recaía basicamente sobre os menos favorecidos, obrigado a qualquer momento a servir nas forças militares. Os bem-te-vis aproveitaram o momento para tentar tirar os conservadores do poder e se aliaram aos balaios. Os revoltos tomaram a cidade de Caxias, a segunda em importância na província, e organizaram um governo provisório.
A radicalização do movimento levou os bem-te-vis a se separarem dos balaios, Para sufocar a revolta, o governo central enviou o Coronel Luís Alves de Lima e Silva ao Maranhão, onde derrotou os revoltosos na cidade de Caxias, no interior do Maranhão, recebendo o título de Barão de Caxias e a nomeação para Governador da província. Terminava a revolta no Maranhão, já no governo de D. Pedro II, com um saldo de cerca de 20 mil mortos.
A Guerra dos Farrapos (Rio Grande do 5ul,1835-1845)
A Guerra dos Farrapos, também chamada Revolução Farroupilha, foi a mais longa guerra civil brasileira, durando 10 anos, de 1835 a 1845. Foi liderada pela classe dominante gaúcha, formada de fazendeiros de gado que usou as camadas pobres da população no processo de luta. Opuseram de um lado estancieiros liberais separatistas, conhecidos como chimangos, desejosos de criar um estado republicano, com o apoio das camadas populares; e de outro os adeptos da monarquia, chamados de caramurus, Representou, na época do império, séria ameaça à integridade territorial do país.
Apesar da participação do povo, esse movimento difere da Cabanagem e da Balaiada porque os fazendeiros, unidos, jamais permitiram que o povo tomasse a liderança do movimento. Naquela época a base da economia gaúcha era a criação de gado e, principalmente, a fabricação do charque.
Entretanto, o charque gaúcho. para ser vendido nas outras províncias do Brasil, era tributado com impostos alfandegários equivalentes aos impostos pagos pelo charque da Argentina e do Uruguai.
Os gaúchos lutavam contra essa situação, que eles consideravam absurda, e lutavam também pela liberdade de escolher os seus próprios governantes. pois era somente o governo do Rio de Janeiro quem nomeava os governadores para as províncias do Brasil.
A revolução autonomista, chefiada por Bento Gonçalves da Silva e que tinha como principal mentor intelectual o jornalista Tito Lívio Zambeccari, carbonário italiano exilado, foi desencadeada em reação à pesada taxação imposta ao charque e aos couros e à suspensão do pagamento das dívidas do governo imperial. A revolta explodiu em setembro de 1835.
Em 1835, os gaúchos, comandados por Bento Gonçalves, tomaram a cidade de Porto Alegre. Em setembro de 1836 proclamaram um estado republicano - a chamada República de Piratini ou Farroupilha - que pretendia constituir uma federação com as províncias brasileiras que a ela aderissem. Na batalha do Fanfa, em outubro de 1836, os imperiais derrotaram os sediciosos e prenderam Bento Gonçalves e Zambeccari.
A luta prosseguiu e os farroupilhas voltaram à ofensiva com triunfos em Rio Pardo e Caçapava, em março e abril de 1837. Bento Gonçalves conseguiu fugir do forte do Mar, na Bahia, onde estava preso e reassumiu o comando da luta, que se estendeu à Santa Catarina. Lá, os revoltosos proclamaram, em 22 de julho de 1839, em Laguna, a República Juliana, de curta duração. Nessa época incorporara-se à revolução outro italiano, Giuseppe Garibaldi, futuro paladino da unificação de seu país e que ligou seu destino ao de uma brasileira, Anita Garibaldi. heroína da causa rebelde.
Para combater os rebeldes e tentar a paz, o governo central nomeou Luís Alves de Lima e Silva, então Barão de Caxias, para presidente da província e comandante das tropas imperiais. Caxias isolou os rebeldes, cortou as principais linhas de comunicação e abastecimento dos farrapos e propôs uma nova anistia ampla e irrestrita. Em t 845 os rebeldes aceitaram a paz oferecida por Caxias.
O acordo estabelecia: liberdade aos escravos que lutaram no exército farroupilha; incorporação do exército farroupilha ao exército brasileiro inclusive com as mesmas patentes; taxação ao charque platino; pagamento pelo Império das dívidas da guerra e indicação pelos farrapos do presidente de sua Província. Na Farroupilha, o governo mais negociou do que reprimiu, isto se deve ao fato de que a revolta foi o tempo inteiro liderada pelos estancieiros gaúchos.
Mapa Mental - Revoltas Regenciais