Leia o Texto II e responda o que se pede:
Cantiga de amor sem eira
nem beira,
vira o mundo de cabeça
para baixo,
suspende a saia das mulheres,
tira os óculos dos homens,
o amor, seja como for,
é o amor.
Meu bem, não chores,
hoje tem filme de Carlito.
O amor bate na porta
o amor bate na aorta,
fui abrir e me constipei.
Cardíaco e melancólico,
o amor ronca na horta
entre pés de laranjeira
entre uvas meio verdes
e desejos já maduros.
Entre uvas meio verdes,
meu amor, não te atormentes.
Certos ácidos adoçam
a boca murcha dos velhos
e quando os dentes não mordem
e quando os braços não prendem
o amor faz uma cócega
o amor desenha uma curva
propõe uma geometria.
Amor é bicho instruído.
Olha: o amor pulou o muro
o amor subiu na árvore
em tempo de se estrepar.
Pronto, o amor se estrepou.
Daqui estou vendo o sangue
que escorre do corpo andrógino.
Essa ferida, meu bem,
às vezes não sara nunca
às vezes sara amanhã.
Daqui estou vendo o amor
irritado, desapontado,
mas também vejo outras coisas:
vejo corpos, vejo almas
vejo beijos que se beijam
ouço mãos que se conversam
e que viajam sem mapa.
Vejo muitas outras coisas
que não posso compreender...
(ANDRADE, C. D. de. Antologia Poética. 48ª Ed. Rio de Janeiro: Record, 2001)
No verso “mas também vejo outras coisas:”, do texto II, a
conjunção em destaque evidencia um valor de:
GABARITO: ALTERNATIVA "A"
a) Adição
CORRETA, pois se trata de uma informação em paralelismo sintático,
atribuído oposição e adição de ideia.
b) Conclusão
INCORRETA, pois não há um raciocínio lógico em desfecho.
c) Finalidade
INCORRETA, pois não é demonstrado um processo que ocorre em relação a
outro exatamente – como seria o caso da conjunção final, em que ocorre uma
intenção para que algo seja realizado, a partir do que foi dito
anteriormente.
d) Meio
INCORRETA, pois não há um valor de como algo é feito, por que modo.
e) Modo
INCORRETA, pois não há uma circunstância exatamente que demonstre como determinada coisa foi feita.